Friday, 1 November 2024

O hall da U.T.I. e a esperança relativa

No hall da Unidade de Terapia Intensiva - U.T.I. todos são iguais em desgraça, em maior ou menor escala, todos se igualam. A esperança relativa é sempre a mãe de todas as incertezas.

O sorriso no hall  sempre é contido - ele não cabe dentro de si mesmo e muitas vezes vem mascarado de nervosismo e tensão que só o café é capaz de "acalmar".

Os olhos vermelhos e a cabeça baixa é uma constância daqueles que esperam o horário de visita no hall, comportamento típico de aflição, pânico e esperança quase perdida, os dias se fazem assim.

Não existe calor no hall, os dias são frios, seja porque o ar condicionado sempre está na pressão ou mesmo porque é um lugar capaz de transformar um abraço num gesto menos caloroso e abrasivo, num momento de desespero e afago.

O olhar sempre está perdido no tempo e no espaço, ele geralmente é cansado e longo, as pálpebras  estão baixas e inchadas, vítimas contumazes da ausência do sono e da noite perturbada.

As noites no hall são longas e as poltronas são curtas - elas são incompatíveis entre si. Dormir todo torto nas cadeiras para muitos não se trata da melhor opção, mas da necessidade de ficar mais próximo das vidas incertas e amadas que possuem.

A luz mortiça e amarela que alumia o hall o torna misterioso e infinito, ela é incapaz de iluminar as mini certezas que cada ser carrega dentro de si.

O hall é um lugar para saber amar e ficar esperando,  um lugar onde a vida e a morte são dois lados da mesma moeda.

Wednesday, 30 October 2024

O eu Hospital


As noites no hospital não são fáceis. Os aparelhos apitam a todo instante, as trocas de remédios e as intercorrências fazem com que elas sejam longas e com intervalos pequenos entre um sono e outro - as radiografias de pulmão as quatro da manhã, realmente deixam a gente sem fôlego até mesmo para acordar e sair do box, tal a "delicadeza" no fino trato.

Pela manhã, a troca de turno dos técnicos de enfermagem e dos enfermeiros é de fazer inveja às maritacas que pairam sobre as árvores no final das tardes, é um fala fala sem fim, causando irritação profunda, a ponto de vez ou outra me fazer pedir a um deles uma pequena dose de "precedex" para diminuir o fluxo sanguíneo e impedir a minha capacidade de mandar todos eles ficarem quietos.

Os médicos chegam logo pela manhã. Alguns ao nascer do sol e praticamente pegam a gente acordando, com o pensamento disforme e abstrato, com o cabelo desgrenhado e bocejando, tornando difícil o entendimento do que foi dito, tendo em vista o alto grau das expressões usadas cheias de abreviaturas e o "mediquês" fluente.

No hospital, tomar banho para quem fica como acompanhante na UTI é uma missão - é preciso marcar hora - se perder o horário, já era, só no dia seguinte. O engraçado é que existem funcionários cuja missão é exclusivamente acompanhar o "acompanhante" ao banho - mais estranho ainda é quando a funcionária chega no box e diz o seguinte: 

_ E aí, vamos tomar um banho? Para quem ouve isso e não entende o contexto, acha que existe alguma coisa fora da ordem!

Tomar café da manhã no hospital é uma lástima, pois as opções não são saudáveis para quem tem falta de grana, tudo é muito caro e enjoativo, sempre tem as mesmas coisas para comer, o que os tornam monótonos e nada convidativos com o passar do tempo.

Com o tempo, a gente vai se tornando figura fácil no hospital e passa a conhecer todos os atendentes das portarias, alguns até me chamam pela abreviatura, tal a intimidade que se cria, a ponto do garçom me ver e me perguntar:

_ E aí? O de sempre? 

O pessoal da portaria todas as manhãs me indagam:

_ E aí? qual a hora do banho? Se tornar morador de hospital é isso aí e mesmo que esteja chateado e cabisbaixo, a simpatia precisa imperar, afinal, a gente precisa dos funcionários  no decorrer do tempo e estabelecer relações saudáveis é fundamental para que se possa ter "facilidades" durante a trajetória "hospitaleira".






Douglas Onça: o menino da Vila Xavier



 

A carreira no futebol de Douglas Onça, o menino da Vila Xavier não seria possível sem o incentivo de seu pai: Oswaldo Lima Onça, ele o incentivava a pular o muro de casa para jogar futebol no campo da Atlética.   

Quando montaram o time de dente de leite da Atlética o chamaram para jogar e assim, ele disputou o primeiro campeonato e logo no primeiro jogo, começou no banco, entrou no segundo tempo e fez um golaço de peixinho, começava ali, a trajetória talentosa nos gramados.

Depois do primeiro campeonato, Douglas Onça jogou no time do Atlas, cujo treinador era o seu Armando Clemente e com dezesseis anos foi para o Palmeirinha da Vila Xavier, onde encontrou o seu Sebastiãozinho que era o treinador e diretor do time de futebol.

Posteriormente, seu Sebastiãozinho foi convidado para ser diretor da Associação Ferroviária de Esportes e na sequência levou Douglas Onça para compor o time. Quando chegou na Ferroviária, Douglas encontrou Olivério Bazani Filho, cujos ensinamentos passados o fizeram lapidar seu futebol de muita técnica e habilidade.

Douglas Onça estudava Agrimensura no Colégio Logatti e ficou na Ferroviária até estourar a idade para jogar nos juniores, depois disso, foi efetivado no time profissional da Ferroviária. O começo da vida profissional como jogador não foi fácil, Douglas jogava dez, quinze minutos por jogo ou muitas vezes, nem entrava em campo. Sua primeira partida como profissional foi contra a Francana na Fonte Luminosa no ano de 1979, num jogo que a Ferroviária ganhou por 1 x 0. No jogo seguinte na Fonte Luminosa, fez dois gols contra o Velo Clube de Rio Claro e em Campinas contra a Ponte Preta fez o gol da vitória por 1 x 0 e foi se firmando como time titular da equipe sob o olhar atento e carinhoso do treinador Sergio Clerice.

A partir de 1982, se firmou como titular da equipe, disputando um bom Campeonato Paulista, conseguindo vaga para a disputa da Taça de Ouro de 1983, sob a batuta de Sebastião Lapola e Roberto Brida. Na disputa da Taça de Ouro, Douglas Onça brilhou junto com Vica, Abelha, Claudinho Macalé e companhia onde a Ferroviária se destacou, fazendo uma campanha maravilhosa. O ponto mais alto da carreira de Douglas Onça foi num jogo da Taça de Ouro contra o Grêmio no Estádio Olímpico, onde fez um gol sensacional, numa vitória épica da Ferroviária sobre o time até então, Campeão Mundial.

            Douglas Onça ficou na Ferroviária até o ano de 1984, quando foi emprestado ao Coritiba, ficou pouco tempo, depois voltou para a Ferroviária. Em 1985, foi emprestado ao Sport Recife, depois voltou para a Ferroviária novamente, posteriormente foi emprestado ao Avai de Santa Catarina e ao Atletico Goianiense e encerrou a carreira no Marcílio Dias de Santa Catarina.