Wednesday, 30 October 2024

O eu Hospital


As noites no hospital não são fáceis. Os aparelhos apitam a todo instante, as trocas de remédios e as intercorrências fazem com que elas sejam longas e com intervalos pequenos entre um sono e outro - as radiografias de pulmão as quatro da manhã, realmente deixam a gente sem fôlego até mesmo para acordar e sair do box, tal a "delicadeza" no fino trato.

Pela manhã, a troca de turno dos técnicos de enfermagem e dos enfermeiros é de fazer inveja às maritacas que pairam sobre as árvores no final das tardes, é um fala fala sem fim, causando irritação profunda, a ponto de vez ou outra me fazer pedir a um deles uma pequena dose de "precedex" para diminuir o fluxo sanguíneo e impedir a minha capacidade de mandar todos eles ficarem quietos.

Os médicos chegam logo pela manhã. Alguns ao nascer do sol e praticamente pegam a gente acordando, com o pensamento disforme e abstrato, com o cabelo desgrenhado e bocejando, tornando difícil o entendimento do que foi dito, tendo em vista o alto grau das expressões usadas cheias de abreviaturas e o "mediquês" fluente.

No hospital, tomar banho para quem fica como acompanhante na UTI é uma missão - é preciso marcar hora - se perder o horário, já era, só no dia seguinte. O engraçado é que existem funcionários cuja missão é exclusivamente acompanhar o "acompanhante" ao banho - mais estranho ainda é quando a funcionária chega no box e diz o seguinte: 

_ E aí, vamos tomar um banho? Para quem ouve isso e não entende o contexto, acha que existe alguma coisa fora da ordem!

Tomar café da manhã no hospital é uma lástima, pois as opções não são saudáveis para quem tem falta de grana, tudo é muito caro e enjoativo, sempre tem as mesmas coisas para comer, o que os tornam monótonos e nada convidativos com o passar do tempo.

Com o tempo, a gente vai se tornando figura fácil no hospital e passa a conhecer todos os atendentes das portarias, alguns até me chamam pela abreviatura, tal a intimidade que se cria, a ponto do garçom me ver e me perguntar:

_ E aí? O de sempre? 

O pessoal da portaria todas as manhãs me indagam:

_ E aí? qual a hora do banho? Se tornar morador de hospital é isso aí e mesmo que esteja chateado e cabisbaixo, a simpatia precisa imperar, afinal, a gente precisa dos funcionários  no decorrer do tempo e estabelecer relações saudáveis é fundamental para que se possa ter "facilidades" durante a trajetória "hospitaleira".






3 comments:

Anonymous said...

Receba os nossos pensamentos positivos .Estamos em oração . Logo, logo vocês deixaram o hospital Fique bem!

ajpierini.blogspot.com said...

Muito obrigado pelas vibrações. Que Deus abençoe você e família!!

Anonymous said...

Fiquem bem com as bençãos de Jesus! 🙏