Era um fim de tarde em
Araraquara, e o sol começava a se despedir no horizonte, pintando o céu com
tons de laranja e rosa. Na pensão do São Geraldo, um homem de andar peculiar
preparava-se para mais uma caminhada pela cidade. Conhecido por todos como "Lua",
ele era uma figura icônica, vestido sempre com suas roupas grenás, uma
homenagem silenciosa à Ferroviária de Araraquara, seu time do coração.
Lua não era apenas um
apelido, mas um reflexo da sua personalidade. Como a lua que ilumina a noite
com suavidade, ele falava baixinho, quase como um sussurro que convidava à
confidência. Sua presença era calmante, um alívio para os corações apressados
que cruzavam seu caminho.
Algo curioso sobre Lua
era o cartão vermelho que sempre trazia consigo. Não era um cartão de punição,
mas sim de paz e de tiração de sarro. Sempre que alguém estava prestes a perder
a calma, ele sacava seu cartão, com um sorriso gentil nos lábios, lembrando a
todos da importância de manter a cabeça fria e o coração aberto.
Lua andava com
certa dificuldade, mas isso nunca foi impedimento para as suas longas
caminhadas pelas ruas de Araraquara. Conhecia cada esquina, cada rosto, e cada
história. Sua presença era um elo que unia a comunidade com a Associação Ferroviária
de Esportes.
Na pensão do São
Geraldo, Lua era mais do que um inquilino; era uma presença constante e
reconfortante. Ele estava sempre pronto para ouvir, para trocar palavras de
sabedoria, ou simplesmente para compartilhar o silêncio. Seu quarto, decorado
com lembranças da Ferroviária, era um refúgio de tranquilidade.
No estádio da
Ferroviária, Lua era um personagem central. Não tanto pelas suas habilidades
esportivas, mas pelo amor incondicional que dedicava ao time. Para Lua, cada
jogo era uma oportunidade de celebrar a paixão pela vida, pela cidade e pelas
pessoas. Sua presença na arquibancada, com o inseparável cartão vermelho no
bolso, era um lembrete constante de que o futebol, assim como a vida, é um jogo
de respeito e amizade.
Em Araraquara, todos
sabiam quem era Lua. Ele era o homem que, mesmo com passos lentos, caminhava
firme em direção a um mundo mais gentil. Em cada gesto, em cada palavra, ele
deixava um legado de amor e compreensão, iluminando a vida de todos ao seu redor,
como a lua que brilha em um céu estrelado.