Monday, 9 September 2024

Carta de São Paulo aos ansiosos



Da janela lateral vejo o mundo vertical paulistano. O concreto e a sombra aparecem de forma imponente deixando sobre a penumbra vidas apressadas. Quando se anda em São Paulo a impressão é que o mundo terminará em concreto, o abstrato fica por conta dos bares que celebram vidas hedonistas e sem muito sentido.

Os carros na cidade de São Paulo me parecem que já não passeiam mais, apenas trabalham, assim como as motos sempre à espera da próxima entrega. O futuro em São Paulo não existe. A vida é o presente.

As marquises e viadutos da cidade sustentam vidas estraçalhadas pelo tempo entre cobertores, travesseiros, papelões e plásticos pretos. São Paulo é um ir e vir sem conta, sem dar conta das pessoas que a fazem imponente e tenebrosa ao mesmo tempo.

Os grafites denunciam a tudo e todos e em São Paulo me parece que não tem ninguém certo. Na ansiedade, todo mundo está errado, a calma sofre calada e a confusão é iminente.

O ar que se respira não aspira a nada em São Paulo. O rio Tiete está quase mostrando o monstro do Lago Ness 2.0 tal a sujeira que o assola e o desola.