Da janela lateral vejo o mundo vertical paulistano. O concreto e a sombra aparecem de forma imponente deixando sobre a penumbra vidas apressadas. Quando se anda em São Paulo a impressão é que o mundo terminará em concreto, o abstrato fica por conta dos bares que celebram vidas hedonistas e sem muito sentido.
Os
carros na cidade de São Paulo me parecem que já não passeiam mais, apenas
trabalham, assim como as motos sempre à espera da próxima entrega. O futuro em
São Paulo não existe. A vida é o presente.
As
marquises e viadutos da cidade sustentam vidas estraçalhadas pelo tempo entre
cobertores, travesseiros, papelões e plásticos pretos. São Paulo é um ir e vir
sem conta, sem dar conta das pessoas que a fazem imponente e tenebrosa ao mesmo
tempo.
Os
grafites denunciam a tudo e todos e em São Paulo me parece que não tem ninguém
certo. Na ansiedade, todo mundo está errado, a calma sofre calada e a confusão
é iminente.
O ar que
se respira não aspira a nada em São Paulo. O rio Tiete está quase mostrando o
monstro do Lago Ness 2.0 tal a sujeira que o assola e o desola.