Julho de
1999. O Coritiba fazia o jogo da final do Campeonato Paranaense de Futebol
contra o Paraná Clube no Estádio do Pinheirão em Curitiba. – Fazia muito tempo
que o time Coxa não ganhava um campeonato paranaense e a expectativa era imensa.
No primeiro
jogo da final, o Coritiba ganhou por 1 x 0 no Estádio Couto Pereira e jogava a
segunda partida pelo empate na casa do adversário. – O Pinheirão é um estádio
enorme, a arquibancada fica longe do gramado, a pista de atletismo em volta ao
campo deixa a visão longínqua, para assistir bem ao jogo é difícil, e naquele
dia fazia muito frio em Curitiba e a névoa mesmo a tarde tornava assistir à
partida um desafio.
O ônibus
saiu do Campina do Siqueira em direção ao bairro do Tarumã. A gente dizia que o
Tarumã era longe demais, do outro lado da cidade. Ao chegarmos ao estádio, a
fila estava imensa, os torcedores do Coritiba tomaram as avenidas, a longa fila
de carro se impunha e o barulho das buzinas ensurdeciam a vizinhança, tal era a
expectativa pelo título.
Era
impossível assistir à partida sem os acessórios: toca, luva e camisa de manga comprida
tal o frio que assolava a tarde de sábado. A cerveja podia ser tomada na temperatura
ambiente, já estava gelada o suficiente.
As cores
branco, azul, vermelho e verde coloriam o estádio, as torcidas dividiam meio a
meio a arquibancada do Pinheirão e faziam um bonito espetáculo. - O time do
Paraná era muito técnico e bom. Lucio Flavio dava o toque refinado no meio-campo,
desfilava seu futebol com garbo e elegância, jogava de cabeça erguida e um
mestre em colocar a bola onde queria. Washington era certeiro, seus chutes dificilmente
erravam o gol, nos lances de cabeça era um mestre e a referência que todo lateral
gostaria de ter, se o cruzamento fosse certo, era gol. Ilan, um centroavante
rápido e fazia muitos gols, depois, fez muito sucesso no Lyon da França, onde
jogou com Juninho Pernambucano. Cleber Arado era um bom camisa dez, jogador técnico
e que fazia muitos gols, o jogo prometia, o que tornava a final emocionante.
Com
quinze minutos de jogo, o placar já estava dois a zero para o Paraná. Washington
Coração Valente estava jogando demais e só dava o Paraná no ataque. – Antes de
acabar o primeiro tempo, o Coritiba descontou numa cobrança de falta do
falecido Cleber Arado, camisa dez dos bons, jogador muito técnico e finalizador
– O segundo tempo começou com o Paraná atacando, mas no final do jogo, uma
falta cobrada pelo veterano Darcy, ex Santos, Palmeiras e outros clubes do
futebol brasileiro empatou a partida.
A
torcida do Coritiba foi à loucura, as arquibancadas do Pinheirão ficaram pequenas
para tanta festa, as faixas verde e branco desciam das arquibancadas, os
sinalizadores foram acesos e o foguetório imenso – Ao término da partida, a torcida
invadiu o campo, levaram o técnico Abelão nos ombros, alguns “levavam” as redes
dos gols, outros atravessaram o campo ajoelhados tal era a importância do título.
Após o
jogo, o título foi comemorado com muita cerveja e pagode no Bar Parada Obrigatória
no bairro do Centro Cívico.