No hall da Unidade de Terapia Intensiva - U.T.I. todos são iguais em desgraça, em maior ou menor escala, todos se igualam. A esperança relativa é sempre a mãe de todas as incertezas.
O sorriso no hall sempre é contido - ele não cabe dentro de si mesmo e muitas vezes vem mascarado de nervosismo e tensão que só o café é capaz de "acalmar".
Os olhos vermelhos e a cabeça baixa é uma constância daqueles que esperam o horário de visita no hall, comportamento típico de aflição, pânico e esperança quase perdida, os dias se fazem assim.
Não existe calor no hall, os dias são frios, seja porque o ar condicionado sempre está na pressão ou mesmo porque é um lugar capaz de transformar um abraço num gesto menos caloroso e abrasivo, num momento de desespero e afago.
O olhar sempre está perdido no tempo e no espaço, ele geralmente é cansado e longo, as pálpebras estão baixas e inchadas, vítimas contumazes da ausência do sono e da noite perturbada.
As noites no hall são longas e as poltronas são curtas - elas são incompatíveis entre si. Dormir todo torto nas cadeiras para muitos não se trata da melhor opção, mas da necessidade de ficar mais próximo das vidas incertas e amadas que possuem.
A luz mortiça e amarela que alumia o hall o torna misterioso e infinito, ela é incapaz de iluminar as mini certezas que cada ser carrega dentro de si.
O hall é um lugar para saber amar e ficar esperando, um lugar onde a vida e a morte são dois lados da mesma moeda.
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