Sunday 17 September 2023

Amyr Klink

 


KLYNK, Amir. Cem dias entre céu e mar. São Paulo: Companhia das Letras, 1995

 

Resenha

 

Quando era jovem lá pelo final dos anos 80, ouvi nos telejornais da época que um jovem desafiava o Oceano Atlântico sozinho.

O nome dele era Amyr Klynk, não era um nome muito convencional para um menino do interior de São Paulo, mas o assunto era deveras interessante, pois desafiar o Atlântico era um propósito gigante para um jovem e de certa forma, o assunto me interessou.

Pesquisando sobre Amyr descobri que a missão era gigante para os “normais”, não para Amyr Klink, pois ele sempre foi diferente, inteligente, sagaz, perspicaz e obstinado em busca de seu objetivo: atravessar o Oceano Atlântico sozinho em um barco.

O projeto do barco foi feito por ele mesmo, nos mínimos detalhes, o traçado da viagem foi meticulosamente estudado, a ciência sempre foi sua companheira, nada passava ao olhar crítico de Amyr.

Nas discussões das esquinas, a obsessão em conhecer Parati só aumentava, pois era a cidade do velejador solitário que queria desbravar o Atlântico.

Pois bem, Amyr construiu o barco, atravessou o Atlântico sozinho e me recordo da cobertura televisiva da época mostrar um Amyr barbudo e remando em seu pequeno barco com uma bandeira do Brasil tremulando na proa de sua pequena, mas versátil e organizada embarcação.

Tempo depois, entrei na livraria da Universidade Estadual Paulista na cidade de Marília onde fazia graduação e me deparei com uma obra intitulada “Cem dias entre céu e mar” de Amyr Klink, fruto da “viagem” pelo Atlântico.

Fiquei encantado, pois poderia conhecer com detalhes os bastidores da criação do barco e os preparativos, as dificuldades da viagem, as tempestades, os tubarões, as baleias e como se safava de forma fria e calma mesmo diante da solidão permanente e os problemas com a alimentação.

A obra de Amyr vale apena ser lida não apenas por mostrar o quanto é válido um sonho e o processo de organização para realizá-lo, mas acima de tudo uma lição de como é viver com adversidades permanentes da vida e ter estratégias para contorna-las, mesmo que as vezes pareça estar fora de controle – afinal, controlar o Oceano Atlântico não me parece ser uma tarefa nada fácil, mas para Amyr não me pareceu muito difícil, tal seu comportamento resiliente, obstinado e científico.

Em 1997 fui visitar Parati no litoral do Rio de Janeiro e para minha surpresa estava ocorrendo uma exposição do barco de Amyr Klink no museu da cidade, tive o privilégio de ver o quão pequeno era o barco e passei a imaginar como deveria ter sido a vida ali nos cem dias de travessia, realmente fiquei impressionado como para tudo existia um lugar no barco, só não consegui imaginar que ali poderia viver um ser humano, por menor que fosse o tempo, tendo em vista as condições de temperatura e pressão, só Amyr Klink realmente para cumprir a missão.

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