Thursday 2 May 2024

A modernidade, o espaço e o tempo em Anthony Giddens

 


A modernidade, o espaço e o tempo em Anthony Giddens

Anthony Giddens é um sociólogo britânico. É considerado por muitos como o filósofo social mais importante da Inglaterra e uma figura de destaque no Labor Party, é um dos teóricos mais significativos que ajudou a construir a ideia da Terceira via. É professor da Universidade de Cambridge. 

Essa obra é dividida em seis capítulos e foi gestada durante a estadia de Giddens na Stanford University nos Estados Unidos durante as Leituras do Memorial Raymond Fred West no ano de 1988. 

Em As consequências da modernidade, Giddens escreve uma provocativa interpretação das transformações sociais ligadas à questão da modernidade, em sua visão, ainda não vivemos em mundo “pós-moderno”. 

A obra se inicia com Giddens conceituando modernidade, para quem “trata-se de um estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que se tornaram mundiais em sua influência”. 

Para Giddens como estava chegando no limiar do século XX era necessário as ciências sociais dar uma resposta para além da modernidade, uma vez que uma variedade de termos surgiram “sociedade de informação”, “sociedade de consumo” mas era necessário ir além, uma vez que o senso comum nos empurrava a ideia de uma mudança estrutural no conceito de modernidade, saindo de um sistema de manufatura e da produção de bens de consumo para um sistema cujo epicentro seria a informação. 

Giddens parte de um processo de descontinuidade do desenvolvimento social para organizar as suas ideias, quebrando um pouco o discurso sociológico onde ficam inventando termos para dar conta das transformações sociais em vigência. 

As transformações que ocorrem na modernidade são mais profundas que as sociedades precedentes, por isso, a necessidade de identificar as descontinuidades, para isso, Giddens aponta algumas características, são elas: o ritmo de mudança que a modernidade coloca em movimento; a outra é o escopo da mudança, onde as transformações ocorrem de forma virtual e a terceira é a natureza intrínseca das instituições modernas, ele quer dizer que o Estado-nação, o trabalho assalariado se modificam de forma constante e retilínea. 

A relação entre a modernidade, o espaço e o tempo é  visto por Giddens como um processo de descontinuidade, em sua visão o tempo da política e do mercado são distintos, as necessidades da política estão relacionadas a questão tempo distante e o do mercado o tempo da emergência. 

A relação entre o espaço e o tempo causa um processo de desencaixe na visão do autor. O desencaixe dos sistemas sociais pode ser definido como o deslocamento das relações sociais de contextos locais de interação para um contexto global. 

Nesse sentido, Giddens trabalha um outro conceito chamado confiança, que se desenvolve na esteira da relação espaço e tempo produzido pela relação de desencaixe. Por sua vez, Giddens questiona como construir uma relação de confiança nas relações virtuais?  

Outro conceito trabalhado por Giddens na obra diz respeito à reflexividade da vida social moderna que consiste no fato de que as práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz da informação renovada sobre as suas próprias práticas, alterando de forma contumaz a o seu caráter. 

Existem para Giddens três fontes dominantes do dinamismo da modernidade, cada um vinculada às outras: a relação espaço e tempo; o movimento de mecanismos de desencaixe; a apropriação reflexiva do conhecimento. 

Os mecanismos de desencaixe para Giddens podem ser representados da seguinte forma: 

·   Fichas simbólicas e sistemas peritos envolvem confiança, enquanto distinta de crença baseada em conhecimento indutivo fraco; 

·  A confiança opera em ambientes de risco, nos quais podem ser obtidos níveis variáveis de segurança (proteção contra perigos); 

·   Poder diferencial quando alguns indivíduos ou grupos estão mais prontamente aptos a se apropriar de conhecimento especializado do que outros; 

·    O papel dos valores, os valores e o conhecimento empírico se vinculam através de uma rede de influências mútuas; 

·     O impacto das consequências não pretendidas, ou seja, o conhecimento sobre a vida social transcende as intenções daqueles que o aplicam para fim transformativos; 

·   A circulação do conhecimento social - O conhecimento aplicado às condições de reprodução do sistema altera intrinsecamente as circunstâncias às quais ele originariamente se referia. 


Referência


GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991. 

 

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