Friday 3 August 2007

Por acaso o encontro



Ele já era aposentado e bem de vida quando resolveu sair com ela para a prática do amor. Ela, sempre sonhou em fazer amor em um hotel. Já havia freqüentado motéis, casas de todos os tipos e os mais variados modelos de carros, mas, sempre achou que em hotel fosse diferente. De tanto falar em seu ouvido, ele acabou aceitando a idéia.
Era noite de sábado e fazia muito frio. Ambos combinaram de se encontrar na praça central da cidade. Como chegara o tão esperado dia, ela para se sentir a tal, resolveu atrasar. Ele a esperou por quase uma hora e já estava com o apetite acentuado. Quando ela chegou, ele ficou nervoso. Falou alto, gesticulou, brigou com o imponderável, mas convidou-a para ir jantar antes de partirem ao destino.
Ele era casado e não podia freqüentar qualquer lugar na cidade, então, resolve levá-la na taverna do Alemão. Lugar discreto, longe do centro e segundo ele, a qualidade da comida é excelente, além de ter certeza de que o Alemão não irá comentar a passagem dele por aquelas bandas, ainda mais acompanhado daquela beleza de mulher, pois já havia estado lá com outras tantas sem que o Alemão abrisse o bico, então, não deveria se preocupar com esse detalhe.
Ele pediu espaguete. Ela, peixe assado, acompanhado de vinho branco e seco. Conversaram amenidades. Ela quis saber sobre os seus problemas. Ele, reticente, mudava sempre o assunto. Ela insistia. Ele desconversava e por baixo da mesa passava lentamente a mão sobre as pernas dela.
_ Nós já vamos querido, não seja afobado! Ela diz demonstrando meiguice.
Ele paga a conta. Ela tenta pegar em sua mão. Ele tira rapidinho e a coloca no bolso. Ela tenta pegar em seu braço. Ele se esquiva e diz:
_ Hoje quero comê-la da cabeça aos pés!
Ela o olha reticente e ambos caminham em direção ao carro estacionado ao lado. O silêncio se fez presente no carro, apenas a música ao fundo os acompanha. Quando chegam ao hotel ele pede a chave à recepcionista. Ele a abraça e chama o elevador. Quando a porta se abre ele vê a sua sobrinha saindo abraçada com dois rapazes. Ambos se olharam e a sobrinha colocou o indicador sobre a boca fazendo sinal de silêncio. Ele com cara de espantado, abaixou a cabeça lentamente e quando a levantou piscou para ela imitando o gesto.

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