Tuesday 12 December 2023

1983: uma noite de Taça de Ouro no Estádio da "Fonte Luminosa"!



 A gente desceu a rua Imaculada Conceição, a famosa rua 12 (doze) que fica na “fronteira” entre o bairro São Geraldo e o Santana em direção à Avenida 36 (trinta e seis), meu finado pai com o radinho de pilha em mãos e em alto volume e eu, moleque, correndo a esmo, às vezes na frente, às vezes atrás, mas sempre de ouvido no que José Roberto Fernandes e sua equipe falavam sobre o jogo.

 Quanto mais subíamos a 36 (trinta e seis) mais o movimento aumentava, as camisas da Ferroviária apareciam em progressão geométrica e por todos os lados. Fizemos uma parada na sorveteria Spumel que havia próxima à rua 3 (três), ganhei um picolé, era mais barato, o sorvete de massa era mais caro, a grana era curta, mas o radinho estava lá, em alto e bom som, anunciando a escalação da partida, a ansiedade só aumentava, mas ainda havia um bom caminho até à Fonte Luminosa, era noite de Ferroviária versus Botafogo do Rio de Janeiro pela Taça de Ouro de 1983.
 
Nos sentamos no setor de sócio, era coberto, um luxo para quem frequentava o Estádio e que ficava ao lado das cadeiras azuis da “cativa”. A Fonte Luminosa estava lotada e realmente iluminada, bandeira para todos os lados, fogos de artifício, a rapaziada no alambrado sempre com a língua afiada, destilando impropérios ao árbitro e ao treinador visitante, antes mesmo do jogo começar, era um clima de festa e ao mesmo de apreensão tendo em vista a perspectiva de boa atuação da Ferroviária.
 
A esperança de vitória sempre estava nos pés de Douglas Onça, Claudinho, Bozó e Marcão, era a base do ataque afeano, uma linha fenomenal, mas o time do Botafogo carioca tinha jogadores de seleção brasileira: Paulo Sérgio, Alemão, Josimar, Abel, era um time de respeito.
 
Entre um amendoim e outro, gol, Bozó de perna esquerda, fez um golaço, após passe de Douglas Onça, meu Deus! Achei que a Fonte Luminosa fosse desabar, confesso que não me lembro depois de 40 (quarenta) anos do gol do Botafogo, só sei que foi de pênalti, e depois no segundo tempo, Jorginho decretou o placar final num chute cruzado, final 2 x 1 para a Ferroviária.


O Estádio quase caiu de tamanha euforia da torcida, mas também, quem dera, vencer o Botafogo do Rio de Janeiro, um dos grandes times do país e com tanta tradição no futebol brasileiro! Era a Ferroviária fazendo história no futebol brasileiro!
 
Disputar a primeira divisão do futebol brasileiro é o sonho de qualquer clube de futebol, em 73 (setenta e três) anos de história, essa foi a única participação da Ferroviária no campeonato mais expressivo do país, em 2023, comemora-se 40 (quarenta) anos da disputa e nada melhor do que fazer uma homenagem a esse time fantástico, foi por isso que o Podcast Uniara em parceria com o Museu de Futebol e Esportes Vicente Henrique Barofaldi e Esporte em Ação organizaram uma  exposição sobre aquela campanha e que ficará aberta ao público no Pátio da Uniara Central até o final do mês de agosto, a entrada é gratuita e pode ser visitada durante o horário comercial.

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