Wednesday 18 July 2007

Sobre o racismo


Quando analisamos a questão do racismo, não podemos perder de vista as relações econômicas geradas e organizadas através do mercantilismo. Faz-se necessário sobretudo distinguir o significado de mercantilismo e de capitalismo. O mercantilismo na visão de Ianni, fomentou o desenvolvimento social das colônias, baseado no trabalho escravo que alimentava os movimentos do capital comercial da Europa.
No entanto, foi o capital comercial que distribuía as cartas e que comandava a generalização do trabalho compulsório no Novo Mundo. Segundo a visão marxista, existem dois argumentos que apresentaram as condições de desenvolvimento da cultura escrava no Novo Mundo. Em primeiro lugar, a disponibilidade de terras baratas ou devolutas , que permitiria que o assalariado, em pouco tempo abandonasse a plantation e fosse produzir para a sua própria sobrevivência, através da produção de subsistência. Em segundo lugar, as metrópoles não dispunham de reservas de mão-de-obra, para encaminhar às colônias e dinamizar a produção de fumo, ouro e prata.
Por conseguinte, a administração européia organizou a exploração com três finalidades básicas. A primeira era de evitar e combater a penetração dos interesses de outras metrópoles. Em segundo lugar, controlar a circulação do trabalhador escravo, para garantir a produção colonial e assegurar a vigência do sistema político-social ou seja, o trabalho escravo. Em terceiro lugar, garantir a continuidade e a regularidade da exportação do excedente econômico produzido na colônia.

ASPECTOS SOCIAIS DA ESCRAVIDÃO

De acordo com Ianni “uma formação social escravista era uma sociedade organizada com base no trabalho escravo (do negro, do índio, mestiço etc.) na qual o escravo e o senhor pertenciam a duas castas distintas”[1].
Através dessas formações sociais as sociedades dos países do Novo Mundo estavam organizadas de maneira a produzir e reproduzir, ou criar e recriar, o escravo e o senhor das terras, a mais-valia, a cultura da casa-grande, a cultura do escravo e as propostas de controle dessa organização. Através do processo de controle, surge as repressões e as torturas.
Uma outra característica do processo de formação social da escravidão, diz respeito à alienação do trabalhador escravo. A subordinação física e moral ao senhor branco. Como afirma Ianni “nessas condições, as estruturas de dominação eram, ao mesmo tempo e necessariamente, altamente repressivas e unilaterais, estando presentes em todas as esferas práticas e ideológicas da vida do escravo ( negro, mulato, índio e mestiço)”[2].
Em última análise, as formações sociais baseadas no trabalho escravo e com características compulsórias e que foram desenvolvidas no interior do Novo Mundo, nasceram e desenvolveram-se sobre a perspectiva do mercantilismo. O mercantilismo organizou e desenvolveu as formações sociais através da plantation, do engenho, da fazenda e das encomiendas pensando única e exclusivamente sobre a ótica da acumulação primitiva. As sociedades do Novo Mundo, estão atreladas à economia mundial, em primeiro lugar sobre o prisma do mercantilismo e posteriormente sobre o viés do capitalismo.

[1] Ianni, Octavio. Escravidão e racismo. 2 ed. São Paulo: Hucitec, 1988. Pág. 27.
[2] Ianni, Octávio. Escravisão e racismo. Op. Cit. pág. 28.

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