Tuesday 17 July 2007

Ode à Oravia Pierini


A hora do encontro é também despedida. Na plataforma da estação da vida é a vida daquele meu lugar. Vida construída através de confronto e carinho. Vida de alegria e de tristeza. Vida que não se concentra mais em abraços e sorrisos, mas apenas em lembranças. A mão que afagou, hoje não encontra mais os corpos próximos e amigos. Que saudade!!!
O colo que aqueceu as manhãs dormentes já não existe mais. A vida de Orávia já não existe mais. Noites infindáveis nos sofás da vida a espera de um filho não existem mais. A preocupação com um determinado futuro já não existe mais. O futuro já não existe mais. O que impera é um presente sórdido permeado pela ausência de mamãe. Ausência essa que está calcada no silêncio de sua voz, no bater do seu coração e do afago de suas mãos. Voz que muitas vezes agiu com cumplicidade e muitas outras como advertência sobre um determinado rumo. Coração que bateu acelerado a cada gosto realizado, mas que desgostoso batia a cada gesto ingrato. Mãos que acariciavam um rosto dormente nas manhãs da infância, mas que se rebelavam a cada gesto da adolescência rebelde.
Tornou-se apenas uma lembrança o sorriso da chegada, assim como a recompensa gostosa e doce que saboreava nossos dias de presença. A alegria compartilhada com os cães que ladravam e abanavam a chegada anunciada será eterna e ficará viva na lembrança. A tristeza da partida tornava-se reluzente nas lágrimas, mas na esperança de que um novo dia iria chegar, um dia que seria marcado pela partilha de um futuro no mesmo lugar.
Mamãe que não repartiu João apenas pelas consequências da vida, mas que dividiu seu coração em sete. Sete latifúndios de carinho e atenção, semeados pelos sentimentos mais sublimes.

1 comment:

Mariane said...

Lembranças de uma boa educação, exemplos que nos foram dados, infancia pobre, porém muito saudável...Saudades... são esses sentimentos que nos faz seguir adiante e sermos um exemplo para nossos filhos....beijos maninho
te amo
da maninha Marcia

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