Wednesday 18 July 2007

Teoria política


O tema central da teoria política para Easton reside em como fazer para os sistemas políticos sobreviverem em um mundo de estabilidade e ao mesmo tempo de mudança.
Para Easton, a vida política é um sistema de comportamento inserido num contexto cujas influências o próprio sistema político está exposto e a que este, por sua vez, reage.
As interações políticas constituem um sistema de comportamento. Para essa afirmaçõa, Easton propõe algumas interpretações:

· Que as interações políticas numa sociedade constituem um sistema de comportamento;
· O sistema de interações políticas não pode ser interpretado como se existisse num vácuo, mas deve ser cercado pelos contextos psicológicos, social, biológico e físico.
· A vida política forma um sistema aberto;

Segundo o autor, é através da análise teórica que poderemos fazer sistemas políticos mais adaptativos às mudanças sem que os mesmos reajam de forma passiva às pressões.
De acordo com Easton, os sistemas políticos possuem reservas de mecanismos que podem mediar com os demais contextos e através desses, regular seu próprio comportamento, transformar a estrutura interna e reformular seus objetivos.

Análise de equilibro e suas deficiências

Segundo Easton, o fator “equilíbrio” é um dos aspectos de maior deficiência na pesquisa política.
De acordo com Easton se houver cuidado na elaboração da linguagem, equilíbrio e estabilidade são termos considerados como tendo a mesma significação.
Duas particularidades do fator equilíbrio:
· Restabelecer o antigo ponto de equilíbrio ou mudar para um novo;
· A formulação de problemas relacionados ao caminho que toma o sistema na busca do retorno ao suposto ponto de equilíbrio antigo, ou a obtenção de um novo ponto.
Para Easton, a adoção da análise de equilíbrio, por mais latente que possa ser, obscurece a presença das finalidades que não possam ser descritas como um estado de equilíbrio. Para qualquer sistema social, inclusive o político, a adaptação representa mais do que simples ajustamento aos acontecimentos da sua vida.

Conceitos mínimos para a análise de sistema

Para Easton, a análise de sistemas deve estabelecer próprios imperativos teóricos. O autor define sistema como um conjunto de variáveis sem levar em conta o grau de inter-relacionamento entre elas.
Um sistema pode ser designado como as interações através das quais os valores são autoritariamente repartidos pela sociedade, é isso o que distingui um sistema político dos demais sistemas do contexto. Esse contexto pode ser dividido em 2 partes:
· Intra societária: consiste nos sistemas da mesma sociedade que o político e que são sistemas políticos em função do que definimos como sendo a natureza das interações políticas. Ex: conjuntos de comportamentos; atitudes e idéias, a cultura, a estrutura social e as personalidades, são somente funcionais da sociedade da qual o sistema político e também em componente.
· Extra societária: inclui todos aqueles que estão fora da sociedade em si. São componentes funcionais de uma sociedade internacional, um supra-sistema de que é parte qualquer sociedade.

Variáveis de ligação em sistemas

A transação entre os sistemas ou troca será considerada através da relação de “inputs” e “outputs”.

Demandas e apoio como indicadores de “inputs”

Através dos “inputs” é possível captar o efeito da ampla variedade de acontecimentos e condições do contexto, à medida que digam respeito à persistência de um sistema político.
Os “inputs” servirão de variáveis-resumo, concentrando e espelhando tudo o que é relevante no contexto em função da tensão política.
É através das flutuações nos inputs das demandas e apoio que encontraremos os efeitos dos sistemas do contexto transmitidos aos sistema político.

“Outputs” e “Feedback”

Outputs são decisões e ações das autoridades. Os “outputs” não apenas ajudam a influenciar os acontecimentos na sociedade mais ampla, da qual o sistema é uma parte, como também, ao fazer isso, auxiliam a determinar cada grupo de inputs que se sucedem em direção ao sistema político,
Sem o feedback da informação sobre o que está acontecendo no sistema, as autoridades teriam que atuar às cegas.


Easton, David (org). Categorias para a análise em política. IN: Modalidades de análise política. Rio de Janeiro: Zahar, 1970. Pág. 185 – 199.

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